Comentário do professor Marco Rossi no CBN Cidadania do dia 22/10/2012.
Uns dos temas mais interessantes do debate político ocupou
um espaço minúsculo na atual campanha eleitoral. Além de ser pouquíssimo
abordado, quando foi de leve mencionado, recebeu um tratamento formalista,
equivocado, nada atraente.
Estou falando da cultura. A pergunta, que tira a prova dos 9,
é muito simples: Quem, honestamente e com argumentos preliminares, poderia me
dizer qual é a visão dos candidatos ao poder executivo de Londrina sobre a
decisiva questão cultural?
Reservadas às discussões pouco aprofundadas sobre festivais
e apoio as iniciativas tais e quais, a cultura não surge como um discurso
político oficial, como matéria prima do conhecimento, ingrediente indispensável
de sociabilidade e de inclusão social. E definição de uma identidade forrada por
alto estima e valorização do bom gosto ético e estético.
No geral e no particular, nada se fala de projeto de
descentralização da produção cultural e de políticas públicas de fomento a
literatura, ao cinema, as manifestações musicais.
Pior, fala-se pelos tubos acerca da educação que, por sua
vez, além de aparecer divorciada de propostas para a arte e para a cultura, não
rompe com a mesmice de afirmar que mais professores serão contratados e mais salas
de aulas serão construídas.
Como de praxe na política de pouca política e nas eleições
completamente despolitizadas, educação e
cultura são temas quantitativos, endosso de estatísticas, o caráter qualitativo
nem sombra faz aparecer. Sabemos que cultura não dá voto, num tempo de incertezas, angústias
e pragmatismo à enésima potência, ninguém se arrisca a debater o papel do poder
público na orientação das práticas culturais. Afinal de contas, qual o sentido
de tocar na questão cultural quando o que toca o medo de todos é segurança,
emprego e renda?
Apesar de saberem muito bem que uma população educada e
sensibilizada pela arte amplia a sua visão de mundo, adoece menos e
potencializam as oportunidades no mundo da vida, nossos candidatos ignoram o
tema. Seus discursos vazios e demagógicos não colariam num povo liberto e ai
eles não teriam o que dizer.
Por isso menosprezam a cultura.